Pediatras e clínicos gerais são a principal carência da
rede de saúde no Estado
Para suprir a atual necessidade da rede de saúde
pública do Estado do Rio de Janeiro, seria necessária a contratação imediata
de, ao menos, 3.205 médicos.
A estimativa foi feita com base nas 2.705
vagas abertas pelo Estado e pela prefeitura em concursos no Rio e no
levantamento feito pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de
Janeiro), que aponta um déficit de 500 médicos nos hospitais federais.
Para suprir a carência de profissionais, o governo
estadual abriu um processo seletivo para contratação de 1.005 médicos, enquanto
o município espera preencher 1.700 vagas por meio de concurso.
Pediatria e clínica geral são as especialidades mais
afetadas. Para a presidente do Cremerj, Márcia Rosa Araújo, o principal
problema são os baixos salários, que desestimulam os médicos.
- Um bom exemplo desta questão é a remuneração de
R$ 1.500 para 20 horas semanais que está no edital da Prefeitura do Rio. Esse
salário não atrai profissionais de qualidade. Além disso, desvaloriza um
concurso e afronta as entidades médicas.
Mesmo com as críticas do Conselho, 2.300 médicos se
inscreveram - segundo a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores do
Rio - para a prova do município, que tem 1.700 vagas.
Na rede federal, a situação mais complicada está no
Hospital Cardoso
Fontes, em Jacarepaguá, na zona oeste, que trabalha com apenas 50% dos anestesistas
necessários. De acordo com o Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, a principal
causa da falta de profissionais é a aposentadoria de médicos.
Ambulatórios de várias especialidades precisaram ser
fechados para suprir a emergência da unidade de saúde. Entre eles, está o
de pediatria, que foi reformado recentemente, mas não pôde abrir por falta de
médicos.
CPI à vista
A falta de profissionais de saúde nos hospitais da
cidade levou o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) a recolher assinaturas para a
instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
O documento, com 17 assinaturas, ainda não foi colocado em votação pela presidência da Câmara dos Vereadores. Apesar da carência de médicos, Pinheiro diz que a contratação por meio das Os (Organizações Sociais) não é a solução. As OS são fundações contratadas pelo Poder Executivo para gerir recursos da saúde.
O documento, com 17 assinaturas, ainda não foi colocado em votação pela presidência da Câmara dos Vereadores. Apesar da carência de médicos, Pinheiro diz que a contratação por meio das Os (Organizações Sociais) não é a solução. As OS são fundações contratadas pelo Poder Executivo para gerir recursos da saúde.
- Há uma enorme confusão nos recursos humanos da Saúde
no Rio. Na mesma emergência, há profissionais que ganham R$ 1.500 e médicos que
recebem R$ 2.100 para trabalhar com a mesma carga horária, o que desestimula a
equipe. Outro problema é que os médicos contratados pelas fundações são muito
inexperientes.
Segundo o parlamentar, o número de contratados pela
Fiotec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde)
chega a 36% do total de médicos do município.
O outro lado
O MS (Ministério da Saúde) no Rio informou que novas
contratações estão sendo estudadas, mas dependem de aprovação do Ministério do
Planejamento. Porém, segundo a pasta, desde 2009, o Hospital Federal Cardoso
Fontes recebeu 89 novos médicos que permanecem atuando na unidade. Sobre a
afirmação do Cremerj, de que faltam 500 médicos na rede federal, o MS não se
pronunciou.
Já a Secretaria Municipal de Saúde afirma que contratou
1.550 médicos e reforçou que está em andamento um concurso público, que oferece
1.700 vagas para profissionais de diversas especialidades.
A Secretaria Estadual de Saúde não revelou o atual
déficit de médicos, mas informou que está realizando um concurso público para
contratação de 1.005 profissionais.
Os certames do Estado e do município já estão com as
inscrições encerradas e os candidatos aguardam as datas das provas.
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